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O ministro da Cultura e pai da artista (?) mais zuada/zoada/outro adjetivo para "ridicularizada" de sua preferência, de todos os tempos em sites de humor, Gilberto Gil disse que os músicos deveriam distribuir suas músicas da mesma forma que o Linux, e as gravadoras deveriam rebolar pra achar outra forma de garantir o leitinho das crianças.
Isso mesmo, outro hype open source.
Bom, primeiro vamos esclarecer rapidamente como funciona o modelo open source de distribuição de software e tentar aplicá-lo a indústria fonográfica. Para um esclarecimento mais detalhado, vá à esta página do BR-Linux. Neste modelo colaborativo, o desenvolvedor faz a cria, disponibiliza gratuitamente pra quem quiser baixar, distribuir, estudar, executar E aperfeiçoar, sem que a pessoa precise pedir ou pagar pelo direito de fazer isso.
Se o modelo de distribuição de músicas for assim, o músico, além do arquivo de áudio, deveria distribuir o "arquivo aberto" do software de edição e mixagem de som, não? Seria o mais lógico, pois o usuário teria a possibilidade de alterar/aperfeiçoar a música e, inclusive, fazer um fork - tudo bem, Sandy e Júnior, Zezé de Camargo e Luciano, Latino e seu apê, e outras mazelas musicais já fazem forks de sucessos há muito tempo sem, entretanto, efetivamente "aperfeiçoar" a obra, ou distribuí-la livremente.
Ah sim, claro, já ia esquecendo! Free as in freedom! O desenvolvedor, no caso o artista, poderia fazer um projeto comercial, onde o "código-fonte" seria distribuído mediante pagamento, e o usuário que quisesse se meter a DJ teria todo o suporte necessário da gravadora. Vamos analisar uma situação hipotética: caso o usuário que comprou esta distro comercial trave o Pro Tools na hora de editar o novo sucesso da Tati Quebra-Barraco, ele poderia ligar para a gravadora, que lhe prestará o devido serviço. E, logicamente, este projeto deveria ter um outro subprojeto derivado e de distribuição gratuita, como o Fedora da Red Hat e o OpenSUSE da Novell. Não seria uma forma muito interessante das gravadoras ganharem dinheiro, visto que quem mixa músicas usa o arquivo "binário" mesmo, e não pagaria para ter os "fontes".
Lógico, Gil está completamente certo quando defende que o modo como as gravadoras vêm comercializando música está definhando, com dias contados desde os tempos do Napster, e que elas precisam urgentemente procurar outros meios de sobreviver. Mas tenho pra mim que o digníssimo ministro não entende patavina da forma de distribuição do Linux (assim como muitos dos seus usuários ferrenhos), porque o que ele tentou descrever foi a distribuição nos moldes dos freewares.
Mas sempre existe outra licença que pode ser adotada, não exatamente open source, e que garante a livre distribuição.
Update: O que eu quis dizer é que, não importa a forma como a música é distribuída, a menos que o autor permita, o usuário não poderá alterá-la por conta dos direitos autorais inalienáveis, que é justamente a liberdade mais defendida no modelo open source. Portanto, se não se pode modificar o conteúdo, não é open source, é proprietário, e não é distribuído da mesma forma que o Linux. Um raciocínio muito ao pé da letra? Talvez, mas não se pode esquecer que justamente por não se discriminar exatamente como a coisa funciona é que surgem as confusões entre "livre" e "grátis".